[Em Cima do Lance com Paulo Leandro] Dois países e duas medidas

 Por Paulo Leandro
 Dois países e duas medidas
Neto tava retado ontem, na transmissão da Band, acusando as arbitragens de beneficiarem sempre a Seleção da Espanha, o Barcelona e o Real Madrid em todos os jogos.
O homem do erre de caipira paulista, sotaque um pouquinho enjoado, viu pênalti a favor da Croácia e observou que teve muita falta a favor da Espanha e quando os croatas apanhavam, juizão aliviava.
Polêmica com o referee passou a ser constante no futebol desde que as boas maneiras do desporto começaram a ser substituídas por outros “valores”. A vaia ao árbitro, na entrada em campo de sua senhoria passou a ser norma.
Concordo com Neto que há muita proteção aos espanhóis e que o item arbitragem é fundamental na construção do que poderíamos chamar de hegemonia, tomando aqui emprestado em metáfora o conceito original.
Poderíamos até tomar como outro estudo de caso o nosso Bahia, que foi definitivamente beneficiado com um gol completamente irregular na vitória sobre o Sport, tão necessária para tirar o campeão baiano da zona.
RITMO
Não se pode levianamente afirmar que o fato de termos um alto dirigente tricolor na CBF pode influenciar positivamente para o Bahia. E nem devemos descartar totalmente nenhuma possibilidade de entender o fenômeno.
No caso da Espanha, o peso de dois países e suas tradições bem que pode influenciar nas decisões do árbitro. Dois países e duas medidas. Na dúvida, disse certa vez Oscar Roberto de Godoy, o árbitro fica com o time grande.
A Croácia criou chances mais agudas de gol e somente pela incompetência de seu atacante de nome muito complicado, não chegou a abrir o marcador. Cruzamento de três dedos do croata que caiu pela ponta veio na medida para a metida e o cara não fez.
Um parêntese para elogiar dois companheiros de trabalho na produção mass-mediatizada. Um é o narrador. Se o brasileiro médio tem dificuldade de aplicar crases, imagina quando tem um acento pra lá e outro pra cá em cima de uma consoante. Como é que se diz o nome dos croatas?
Que alívio, quando Eduardo entrou em campo. Eduardo é brasileiro e foi para a Croácia aos 16 anos. Virou croata mas manteve o nome original de sua terra. Jogou nada. Entrou no finalzinho e não encontrou seu ritmo de jogo.
MARGINAL
Outro colega que eu gostaria de elogiar aqui no meu kitnet virtual é o cidadão autor da edição dos melhores momentos. Tirar cinco lances que prestem em cada tempo de Espanha 1x0 Croácia é uma tarefa e tanto.
Por isso, desconfio que nós, midiáticos, vendemos muito gato por lebre, com o perdão do clichê que tanto perseguia quando ainda trabalhava em jornal impresso. Tem muito baba por aí mais divertido que jogo de Eurocopa e Série A.
Nós, midiáticos, na sociedade contemporânea, temos o poder de Midas, transformando em ouro tudo que comentamos positivamente. Mas ao cumprir esta missão promocional, estamos sendo justos com as pessoas que nos ouvem, vêem, lêem e acreditam na gente?
Isso vale para todas as áreas, não só para o esporte. Daí a importância da formação do profissional. No entanto, por mais senso crítico que a gente incentive no futuro jornalista, o mercado, ao receber este formando, impõe seu sistema de recompensas e punições para ajustar o profissional.
O produtor de conteúdo massivo que não se ajusta ao sistema, pode parecer marginal, louco ou fora de sintonia. Por isso, o rio só corre mesmo para o mar de Espanha (terceiro clichê do texto). A Espanha é preferível à Croácia, e o Bahia, em casa, ao Sport. Quanto aos valores do desporto...

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